Seja...Triste, mas não amargo. Introspectivo, mas não solitário. Crítico, mas não azedo. Cético, mas não cínico. Complicado, mas não intolerável. Sincero, mas não inconveniente. Veemente, mas não agressivo. Alegre, mas não leviano. Grave, mas não iracundo. (Ricardo Gondim)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Paráfrase


Ando construindo e demolindo teses de sobrevivência.
Com frequência observo que o que imagino ser novo em mim, nem sempre é bom,
Além do que constato que o que penso ser bom, não é necessariamente novo.
Até agora não fui sequer premonitório,
E o meu espanto, quando há, é meramente retórico.
Mas isto se configura apenas em detalhe, posto que, como já dissera o poeta,
‘A retórica está na língua de quem ama, de quem engana e de quem tem necessidade’.

O que resulta em desespero, no entanto, é essa dependência que tenho de mim,
E nela, enxergo-me como autofágico escasseando as últimas reservas.
Por isto que em minhas catilinárias, ouso parafrasear Cícero e indago-me:
Até quando, enfim, abusarás da minha paciência? Por quanto tempo ainda esse teu rancor me enganará? Até que ponto a tua audácia desenfreada se gabará de mim?
Oxalá pudesse aguentar a prosperidade com autocontrole e a adversidade com mais firmeza,
Mas não tenho conseguido, e nem sei se algum dia hei de conseguir.

‘Vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento’, 
‘Desventurado homem que sou! Quem me livrará?’ Exclamo.
Daí a minha maior carência: a de Ti.
E se é vero que não resistes ao meu arrependimento,
Declaro-me arrependido agora, sem saber, todavia, se estarei logo mais.
Careço da Tua urgência!
Ou melhor, clamo.



Por Magno Ribeiro em 16/9/2013