Sou formado de
heterogeneidades,
Não sou sozinho,
sou muitos,
Agraciado com uma
vida apenas, possuo tantas existências.
Nelas, misturo amor
com indignação, compreensão com impaciência, fúria com misericórdia.
Também confundo
batalhas com guerras,
Daí, o meu
cotidiano ser cenário de intensas disputas com placar pouco contento.
Já caí e
levantei-me,
Em pé, antevi que
seria difícil, e tem sido.
Minhas memórias
quase sempre ressuscitam fantasmas,
Assim mesmo, não
desisto, insisto, tropeço, não caio, pelo menos não ainda.
Daí, as novas
largadas,
Daí, o antigo
desejo pelo cume do pódio.
Do desejo quase
obsessivo,
Sou constantemente
surpreendido pela ronda dos velhos instintos.
Talvez fosse o
caso mudar de extremidades:
De formador de
respostas, a autor de perguntas,
De dono de
verdades, a caçador delas.
Daí, falta-me
coragem quando a ordem resulta em mudanças.
Sem coragem,
Caminho por uma
linha imaginária e tênue,
Onde em lados
distintos e próximos, enxergo o bem e o mal, a delicadeza e a estupidez.
Tenho sido inábil
para transformar a oração em compromisso,
E incompetente para
utilizar convicções como porta para o diálogo.
Daí, a ausência de
lucidez em boa parte do meu tempo.
Sobre o tempo,
Suspeito que
minhas horas são aferidas no ponteiro de segundos,
Ando trocando dia
por noite, e nem sou sentinela.
Antes fosse!
Não demora e tudo
deixará de ser,
Daí, a sensação de
fracasso, impotência e culpa.
Felizmente não subsisto
estagnado, reajo:
Pisoteio o
sentimento de fracasso,
Despisto a
impotência e transformo a culpa em aliada.
Elevo o olhar, e
do que vejo, eis o meu socorro!
Não demora e tudo
passará a ser,
Daí, minha
esperança.
por Magno Ribeiro
em 19/6/2012