Seja...Triste, mas não amargo. Introspectivo, mas não solitário. Crítico, mas não azedo. Cético, mas não cínico. Complicado, mas não intolerável. Sincero, mas não inconveniente. Veemente, mas não agressivo. Alegre, mas não leviano. Grave, mas não iracundo. (Ricardo Gondim)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Daí...



Sou formado de heterogeneidades,
Não sou sozinho, sou muitos,
Agraciado com uma vida apenas, possuo tantas existências.
Nelas, misturo amor com indignação, compreensão com impaciência, fúria com misericórdia.
Também confundo batalhas com guerras,
Daí, o meu cotidiano ser cenário de intensas disputas com placar pouco contento.


Já caí e levantei-me,
Em pé, antevi que seria difícil, e tem sido.
Minhas memórias quase sempre ressuscitam fantasmas,
Assim mesmo, não desisto, insisto, tropeço, não caio, pelo menos não ainda.
Daí, as novas largadas,
Daí, o antigo desejo pelo cume do pódio.


Do desejo quase obsessivo,
Sou constantemente surpreendido pela ronda dos velhos instintos.
Talvez fosse o caso mudar de extremidades:
De formador de respostas, a autor de perguntas,
De dono de verdades, a caçador delas.
Daí, falta-me coragem quando a ordem resulta em mudanças.


Sem coragem,
Caminho por uma linha imaginária e tênue,
Onde em lados distintos e próximos, enxergo o bem e o mal, a delicadeza e a estupidez.
Tenho sido inábil para transformar a oração em compromisso,
E incompetente para utilizar convicções como porta para o diálogo.
Daí, a ausência de lucidez em boa parte do meu tempo.


Sobre o tempo,
Suspeito que minhas horas são aferidas no ponteiro de segundos,
Ando trocando dia por noite, e nem sou sentinela.
Antes fosse!
Não demora e tudo deixará de ser,
Daí, a sensação de fracasso, impotência e culpa.


Felizmente não subsisto estagnado, reajo:
Pisoteio o sentimento de fracasso,
Despisto a impotência e transformo a culpa em aliada.
Elevo o olhar, e do que vejo, eis o meu socorro!
Não demora e tudo passará a ser,
Daí, minha esperança.


por Magno Ribeiro em 19/6/2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ausências



Preciso não me sentir obrigado em absorver mais do que absorvo,
Careço aferir-me tão carente como carente afiro outrem;

Preciso me absolver de dívidas prescritas, jamais pagáveis,
Careço livrar-me dos grilhões que eu mesmo me brindei;

 Preciso sobrepor melhor conteúdo ao que já construí da minha história,
Careço do escafandro divino para mergulhar mais profundamente em Ti;

Preciso de incentivo para enxergar os lampejos de como seria minha vida sob os Teus valores,
Careço revolucionar-me, todavia, não sem sabotar os meus mimos e subverter minha sina;

 Preciso de esperança que desvele em mim outra realidade, outro horizonte, outra forma,
Careço perenizar o bem para enfim estreitar esse abismo que me separa de Ti;

 Preciso dissociar-me desta frenética busca pelo inatingível que me distancia da graça,
Careço da serenidade de não me deixar seduzir pela mentira de que há outros caminhos;

Preciso incubar Tua vida em minha vida,
Careço viver as canções que tenho entoado pra Ti;

 Preciso parir oportunidades que sejam fecundadas por Ti,
Careço enraizar-me outra vez para fazer diferente e diferença;

 Preciso do antidoto contra o veneno que inoculo em mim mesmo,
Careço que as Tuas palavras sejam transformadas em versos que me saciem de eternidade;

 Preciso, careço...


por Magno Ribeiro em 18/5/2012


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Impulsos


Impulsos irresistíveis,
Por vezes se tornam controladores de mim;
Sem mais nem menos, me envolvem em quimeras,
Ofuscam-me a razão, contraio as pupilas;
Contraídas, meu coração acolhe tudo,
Quase sempre enganado e enganando-me.

Acalento o que não tenho ou perdi,
Deslembro-me “ingenuamente” dos tesouros conquistados;
Vejo-me absorto num horizonte improvável, encharcado de interinidade,
Vislumbrado pelo devir e atraído pelo que nem sei;
Impulsionado, chafurdo a minha memória,
Sabotando aquilo que me pode trazer esperança.

Admito ser pesado o alforje que carrego;
Quisera eu outros impulsos para substituí-lo pelo Teu,
Sabidamente mais leve;
Quisera eu outros impulsos que me subtraíssem o controle,
Impelindo-me em entrega-lo inteiramente a Ti;
Quisera eu, pudera eu...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ciclos


Revivo o ontem, revivê-lo é preciso,
Enxergo destroços, constato que perdi a guerra;
Vivi em círculos.

Vivo o hoje, tenho de vivê-lo,
Acabo de concluir etapas, vencer batalhas, mas não a guerra;
Ainda estou em circos.

Vislumbro o amanhã. Decerto, incertezas.
Assim mesmo avanço, careço de paz, por isto a guerra;
Agora Contigo, não temo os próximos ciclos.

Por Magno Ribeiro em 2.1.2012