Seja...Triste, mas não amargo. Introspectivo, mas não solitário. Crítico, mas não azedo. Cético, mas não cínico. Complicado, mas não intolerável. Sincero, mas não inconveniente. Veemente, mas não agressivo. Alegre, mas não leviano. Grave, mas não iracundo. (Ricardo Gondim)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

NO LIMITE

Mateus 27: 45,46
E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?


Existem pessoas que estão vivendo no limite, pessoas gritando por socorro, mesmo a despeito de servirem a Deus. Tais pessoas estão cansadas de esperar e por causa do sofrimento estão abandonando os seus planos.

Quando se vive no limite, quando as forças cessam e quando a fé parece inexistir, é humano que gritemos. Jesus gritou em voz alta. Ele, o filho de Deus, para quem todas as coisas foram feitas, chegou o momento que não mais agüentou. Restou-Lhe apenas o grito, o pedido de socorro, o reconhecimento de que suas forças estavam no final. Jesus foi honesto com Deus declarando seu cansaço.

E é com este exemplo que procuro estabelecer a melhor forma para se atravessar, diante de Deus, momentos de sofrimentos, de angústias, de dores, melhor dizendo: o caos.

Ao gritar em voz alta na presença de todos (Deus meu, Deus meu!), Jesus demonstrou primeiramente honestidade com o Pai.

Foi como se dissesse a Deus:

a) Pai eu não me incomodei ter vivido até hoje diferente de como haveria de se esperar da minha condição de filho primogênito do Criador do Universo;
b) Eu nunca reclamei de não ter tido amigos, de ter vivido uma vida familiar restrita, de haver vivido perambulando pelo mundo;
c) Deus meu, eu não fiquei chateado quando os meus próprios discípulos me abandonaram (Mat. 26:56);
d) Eu me mantive em silêncio enquanto me humilhavam ( Mat. 26:63);
e) Porém, Deus meu e meu Pai: desprezo eu não agüento; me desamparares na pior hora de minha vida, isto eu não posso entender, por favor, não me leves a mal por está sendo muito honesto contigo, contudo, sou Teu filho e foste Tu mesmo que me fizeste humano.

Mesmo sabendo Jesus o propósito da cruz, Ele não ficou calado. Ele foi naquele instante profundamente honesto com o Pai e também foi absolutamente humano.

Humanos gritam, humanos choram, humanos pedem ajuda, humanos querem saber o porque, até mesmo quando já sabem.

Na condição de humano, Jesus estava no seu limite.

Mesmo sendo Ele o filho de Deus, mesmo sabendo Ele de todas as coisas, Jesus não deixou de ser humano quando quis saber o porquê daquele sofrimento (por que me desamparaste?).

Finalmente, constato que mesmo se encontrando no limite, mesmo tendo Jesus se colocado diante de Deus com honestidade e reconhecendo sua humanidade diante do sofrimento, Jesus não abandonou os planos.

Observo que ao longo de seus dias no mundo, Jesus havia expulsado demônios, curado enfermidades, acalmado o mar revolto, ressuscitou mortos, portanto, seria perfeitamente concebível que Ele vivendo aquele sofrimento que o levaria a morte, pudesse ter reivindicado seu poder ao Pai. Poderia até ter determinado que anjos viessem em seu favor e assim resgatá-lo daquela cruz.

Entretanto agindo assim, Ele estaria abandonando todos os planos. Que planos?

Está escrito:

João 3:16
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Qualquer coisa que Jesus fizesse naquele momento para aliviar seu sofrimento, qualquer pedido que fizesse a Deus neste sentido, seria admitir abandonar os planos. Neste caso tudo que havia sido feito estaria perdido.

Assim, aprendo com Jesus o que fazer quando se está no limite!

Verdade é que tem horas que a vontade é gritar; há momentos que a idéia que nos vem é a de que Deus nos desamparou; instantes existem que pensamos em abandonar todos os planos.

Nestas ocasiões é chegado o momento de sermos honestos com Deus; precisamos reconhecer a nossa humanidade, nossas limitações e fraquezas, todavia, jamais abandonar os planos.

Que planos?

Jesus morreu na cruz para que tenhamos vida e vida com abundância; para vencermos o mundo e para termos vida eterna.

Portanto, mesmo no limite, lembremos que Deus é Deus e que Ele age no impossível (Luc. 1:37).