Seja...Triste, mas não amargo. Introspectivo, mas não solitário. Crítico, mas não azedo. Cético, mas não cínico. Complicado, mas não intolerável. Sincero, mas não inconveniente. Veemente, mas não agressivo. Alegre, mas não leviano. Grave, mas não iracundo. (Ricardo Gondim)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

ENTRE PLANOS


Entre o plano “A” que feneceu,
E o “B” que não é meu,
Por vezes me enxergo regando inférteis,
Cultivando vazios,
Ausentando-me da sensatez.

As muitas lacunas do agora,
De tempos em tempos,
Ofuscam o olhar daquilo que haverá de haver no horizonte.
Daí, meus anseios de tão ansiosos,
Lutam para que eu ceda, retroceda.

Ainda convalescendo,
Reconheço e confesso a pequinesa da minha fé.
É neste exato instante que, milagrosamente,
Sou chacoalhado pelo dono do plano “B”, e ouço:
“Coragem! Sou eu! Não tenha medo!”


por Magno Ribeiro em 31/7/2009 às 05h20min.

sábado, 4 de julho de 2009

Oscilações


Agora lúcido,
Logo mais, confuso.
Alterno lucidez e confusão,
Meio que consentindo uma esperança volátil.

Neste quase é,
Deste pode ser,
Alimento o nascer de ansiedades,
E o renascer das velhas angústias.

Se ao menos restasse lúcido ou confuso de vez!
Mas não; vivo neste estar entre.
Entre humores e temores, rumores e dissabores;
Oscilo a todo instante.

Os sonhos ainda acordam divididos;
Uns refletem findo o horror,
Outros projetam pesadelos, mesmo que sem terror.
Quisera que estes outros, jamais sejam reais!

Ainda trago comigo parte do que recuso.
Talvez por isto a sensação de arrepio,
O asco do antigo, o receio do novo;
Talvez por isto, oscilo em oscilações.

Quem diria que eu me desacolhesse tanto!
Mas, tenho de dar as costas para o saldo de trevas,
Voltar-me para frente, ou melhor, para cima onde amanhece,
E incitar de vez este coração contrito.

por Magno Ribeiro em 4/7/2009 às 21h05min.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

LABIRINTO


Atropelos e ideais insidiosos,
Levaram-me a desterros e desertos,
Ilhas e trilhas.

Muros se fechavam ou bifurcavam-se;
Adiante, multiplicavam-se em novos muros.
Era o círculo vicioso de alamedas estreitas e sombrias.

Crendo caminhar por atalhos,
Vi-me metido nas entranhas de um labirinto,
Recomeçando sempre que imaginava terminar.

Rodeado de certezas, quase sempre incertas,
Tornei-me papel em branco,
Sem linhas, sem tintas, sem textos.

Fui dor e doente,
Abastado e miserável,
Primeiro indicio, depois alvo.

Emparedado, sem horizonte,
Verticalizei ao erguer o olhar,
Até enxergar focos de luz.

Arfando, sôfrego, indeciso e lerdo,
Contornei as próximas esquinas,
Até que dei de cara com a saída.

Estancada, a vida pegou no tranco.
E do final daquilo que seria o fim,
Despontou o início do recomeço.

Daquele foco de luz, surgiram contextos,
Apareceram tintas, letras sobrevieram,
Palavras têm se formado; acenam-se os textos.


por Magno Ribeiro em 1/7/2009 às 20h33min.